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domingo, 20 de novembro de 2011

Aprendendo com o ministério de Paulo


Por Cecília N. de Oliveira

Esse devocional é fruto de reflexões feitas ao longo da leitura anual da Bíblia, que estou fazendo com o meu amado marido. Há alguns dias, passando já pelo final do livro de Atos (Capítulos 21 a 26), decidi ir registrando em um guardanapo de papel os ensinamentos que o ministério do apóstolo Paulo me trouxe a fim de compartilhar com as amadas da sociedade feminina da Igreja onde congrego. Eis aqui o sumo.
A vida do apóstolo dispensa introdução, não é mesmo? A maioria de nós sabe que ele foi um vaso escolhido de Deus para levar o Evangelho aos gentios, tarefa árdua para qualquer cristão, se lembrarmos do contexto de opressão, perseguição e dominação gentia para com Israel na época, bem como da fervorosa oposição dos judeus para com tais pessoas. Paulo era judeu zeloso, mas Deus quis fazer dele um cristão zeloso, que se necessário fosse, entregasse sua própria vida em favor da propagação do Evangelho da paz.
Bem, em Atos 21:5, retiramos a primeira lição desse devocional. A oração era prática comum ao ministério de Paulo. Notamos que ele não ia decidindo os rumos que suas viagens missionárias tomariam por si só. Ele estava continuamente buscando o conselho do Senhor em oração, buscando ter comunhão íntima com o pai a fim de que as pessoas pudessem ver Cristo através dele (o que funcionou e muito!). A comunhão com Deus era primordial para fazer sempre a vontade dEle.
O primeiro segredo para que um ministério específico seja bem sucedido é a intimidade com Deus. Quando falo de ministério estou querendo me referir antes de tudo a nossa vida, pois como cristãos fomos chamados a servir a Cristo e irmos testificando da Palavra onde quer que estejamos, seja em nosso lar, como esposas, maridos, pais, filhos, irmãos, netos... Seja no nosso trabalho, como empregador ou empregado, seja nas instituições de ensino, como alunos ou como professores... Seja nas ruas, como amigos, como vizinhos... Nossa vida é, antes de tudo, nosso ministério. E é bem possível que, sendo executado da forma que agrada a Deus, Ele queira nos estender a outros ministérios, como o de cuidado com seus filhos, o de visitação, o de oração, o de aconselhamento etc.
O maior exemplo de oração nós tiramos do próprio Deus, o Senhor Jesus! Ele, sendo deus, buscava quando em terra, intimidade com o Pai, e sempre se retirava estrategicamente para ter esse momento de oração e comunhão. A tarefa do Senhor era muito árdua e para executá-la ele estava ciente de que precisaria de toda a firmeza que Deus dá quando o buscamos em oração. Jesus, agindo assim, deixou-nos o exemplo a seguir. Bom Mestre!
Mais adiante, em Atos 21:13, Paulo estava retirado na casa de um irmão evangelista e preparava-se para ir a Jerusalém. Contudo, veio até ele um profeta, avisando-lhe que seria preso e entregue nas mãos dos gentios, caso fosse àquela cidade. Qualquer um de nós ficaria no mínimo assustado e pensaria até em desistir. Paulo teria até um pretexto para usar: poderia ter sido um aviso de Deus para que ele não fosse, para preservá-lo. Ele estava agora na companhia de crentes fieis e poderia servir a Deus com mais segurança ao lado deles. Mas, o que o apóstolo fez foi o contrário. Ele não temeu pela própria vidam antes, negou-se a si mesmo, tomou a sua cruz e seguiu os passos de Cristo.
Essa é uma lição mui preciosa. Quantos de nós mundo a fora estão vivendo um pseudo Cristianismo! São tantos aqueles que se dizem cristãos, mas negam-no com suas ações. De fato, o Senhor não nos prometeu uma vida sem problemas, um ministério terreno sem perseguições nem abundância de bens. Ele nos prometeu dor e sofrimento, para por meio deles irmos crescendo, mas também nos prometeu que estaria conosco todos os dias e ao fim estaríamos com Ele no céu, que é real!
Essa mensagem não está sendo muito divulgada nas igrejas. A Bíblia diz claramente em II Timóteo 3:12 que todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Como, pois, esperarmos viver o genuíno Cristianismo tendo uma vida sem compromisso, sem devoção, sem defendermos a Palavra de Deus com o nosso procedimento e com as nossas palavras? Se vivermos de qualquer forma jamais seremos perseguidos, pois o diabo não perderá tempo com árvores infrutíferas. Ele se preocupa mesmo é com aquelas que querem dar frutos, e por isso lança pragas de todas as formas para impedir o crescimento. Todavia, aqueles que querem verdadeiramente frutificar podem lançar-se aos pés do Senhor, depender dEle, viver para Ele que o diabo fugirá dos tais.
Ainda em Atos 21, no versículo 36, notamos que Paulo não cedeu à oposição, nem temeu por sua segurança e vida, antes manteve o firme propósito de ser um vaso de bênção e um porta-voz das verdades de Deus. Nós, da mesma forma, não podemos desanimar quando sofremos oposição de malfeitores, de pessoas que não se preocupam com as almas perdidas nem intentam glorificar o nome de Deus. Quando tais coisas nos sucederem, devemos nos manter firmes na fé, crendo que o Senhor está no controle de tudo e Ele está conosco quando estivermos com a verdade. Jan Silvious disse: “O Cristianismo não oferece uma saída para as dificuldades; ele oferece domínio sobre as dificuldades”. Isso é muito interessante, pois às vezes queremos soluções imediatas e esquecemos-nos de aprender com os problemas, que são tão mais ricos e frutíferos que a abundância e bonança. A árvore cresce e frutifica muito mais sendo podada.
O apóstolo Paulo também nos ensina muito sobre evangelismo. Em Atos 21:39 em diante vemos que ele buscava sempre a oportunidade para testificar do Evangelho. Em uma situação como aquela, de risco, ele poderia ter se resguardado, ter procurado se defender das acusações injustas, mas não, ele preferiu evangelizar, porque entendia que isso era mais importante do que sua própria vida. Ele já estava salvo, queria agora trabalhar para que mais pessoas tomassem conhecimento da verdade, se assim Deus permitisse. Assim nós também devemos cavar as oportunidades, reconhecê-las em potencial e usá-las.
Paulo também nos ensinou que o Senhor usa as capacidades que ele nos deu para servirmos na Sua obra. Paulo usava o conhecimento que tinha para a glória de Deus. Talvez outros apóstolos tivessem maior dificuldade em evangelizar nos contextos que Paulo foi introduzido por Deus, devido a barreira intelectual. Paulo foi posto por Deus para pregar a reis, governadores e pessoas proeminentes. Deus o havia preparado para isso e ele usou seu conhecimento para servir. Em Atos 22:2 em diante, vemos que ele conhecia mais de um idioma, possuía mais de uma nacionalidade e conhecia a fundo os costumes tanto dos gentios quanto dos judeus. Isso foi grandemente usado pro Deus para que não somente pessoas naquela época cressem no Evangelho, mas para que também nós, depois de séculos, pudéssemos ser edificados. Vale a pena buscar o conhecimento e com ele servir piedosamente a D4eus. Paulo é exemplo disso.
Outro aspecto do ministério de Paulo que nos ensina grandes coisas é que ele era irrepreensível tanto diante de Deus, quanto diante dos judeus e dos gentios, apesar do que diziam a respeito dele. Esse é um privilégio que todo crente deveria ter! Que maravilha! A Palavra de Deus nos exorta a esse respeito em I Pedro 2:11 e 15, dizendo: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo em que falam mal contra vós como de malfeitores, observando-vos em vossas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. (...) Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos”.
Um grande prova de que o apóstolo Paulo fazia as coisas para o Senhor e somente para a glória dEle foi que, quando abandonado pelos seus antigos amigos, ele não ficou deprimido nem desistiu de prosseguir a servir ao Senhor (Atos 24:5/ Atos 26:5-7). Antes, esqueceu-se das coisas que ficaram para trás e prosseguiu para o alvo, olhando para o Autor e Consumador da sua fé, Jesus. Essa é também uma lição que tiramos para nossa vida com Cristo. Frequentemente nos decepcionamos e decepcionamos pessoas. Isso é comum, dado que somos pecadores. Porém, essas coisas não devem nos paralisar nem nos impedir de continuar servindo uns aos outros pelo Senhor. Vamos aprender com Paulo. Se olharmos para o alvo, que é a glória de Deus, nosso ego se tornará pequeno demais para o notarmos.
Na situação de Paulo, conhecer a lei era primordial para que El soubesse como proceder nas situações de conflito e de risco. Em Atos 25:9-11, notamos que ele era conhecedor das leis que o regiam e isso foi usado em prol do Evangelho, dado que assim sabia desviar das ciladas e também mostrava convicção ao defender-se e defender a sua fé. Como cristãos conscientes, devemos igualmente conhecer as leis que nos regem, a fim de podermos nos utilizarmos desse conhecimento para defender nossa fé. Não é sensato vivermos em um país sem sabermos as coisas que estão planejando instituir, sem participarmos da vida pública e interferirmos nas decisões tão importantes. O Senhor tem nos posto aqui também para abençoar o mundo e se nós nos eximirmos de atuar, o mal não se eximirá. Já disseram que o mundo ainda está do jeito que está graças aos verdadeiros cristãos e eu creio nisso. Nós devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para que as coisas caminhem da forma como devem caminhar. Para isso, é necessário defendermos nossas convicções e para isso é necessário buscarmos o conhecimento. Podem crer que isso é serviço ao Senhor também! Lembrem sempre: “O Senhor capacita os escolhidos”. Então, escolhidos, busquem ser capacitados pelo Senhor!
Para concluir, Paulo foi considerado como um louco por causa da Verdade. Vemos isso em Atos 26:24-25. Mas, isso não o intimidou. A oposição, as críticas, as injúrias, as prisões, as mentiras, o abandono, nenhuma dessas coisas impediu Paulo de realizar a obra para a qual Deus o chamou. Que nenhuma das dificuldades que a vida nos traz venha nos impedir de servir ao Senhor piedosamente. E que esse serviço também seja feito em humildade, dando sempre a glória devida ao nome de Deus, como fez o apóstolo em Atos 26:28-29. Se prestarmos bastante atenção nesse texto, veremos que Paulo deixou claro que a conversão daquelas pessoas não dependia da persuasão dele, antes da permissão de Deus, embora ele desejasse muito que todos fossem salvos.
Que busquemos a comunhão com Deus através da oração, da leitura detida da Palavra dEle. Que estejamos dispostos a negarmo-nos a nós mesmos, tomarmos nossa cruz e seguirmos os passos do Mestre Jesus. Que não venhamos a ceder à oposição, mas buscarmos sempre as oportunidades para testificarmos da nossa fé. Que nossas atitudes sejam sempre irrepreensíveis diante de Deus e dos homens e que não fiquemos deprimidos quando formos abandonados pelos outros, pois é natural para os que vivem em santidade. Que busquemos o conhecimento para servirmos a Deus de modo mais capacitado e que, mesmo sendo considerados como loucos que estão perdendo a própria vida, não nos intimidemos e continuemos firmes na fé, servindo com piedade e humildade, dando a devida glória Àquele que nos salvou!

Graça e paz.