(Parte 2: Servir aos outros ou impressioná-los?)
Por Cecília N. de Oliveira
Olares! Esta é a segunda parte da série “Hospitalidade x Exibicionismo” que principiei no início deste mês. Só relembrando que hospitalidade é “a qualidade de hospitaleiro”, o que não diz apenas de quem recebe outrem em sua casa, mas sim de quem é uma pessoa acolhedora, quer em casa, quer na Igreja, quer no trabalho, onde esteja...
Desta feita, gostaria de lembrar que a hospitalidade cristã genuína é feita sempre no intuito de servir aos outros. Sim, o único objetivo da pessoa que exerce tal dom é que o seu próximo esteja bem acolhido, bem servido, em nada tendo falta e não em ser reconhecido ou impressionar aos outros em si mesmo.
I Pedro 5:8-10 diz: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros... Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração. Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da graça de Deus”. Uma atitude intimamente ligada à hospitalidade cristã é o ato de servir aos outros. Vamos pensar um pouco sobre essa palavra.
Em linhas gerais, servir significa “estar ao serviço de; estar às ordens de; prestar bons ofícios a; prestar serviços; consagrar-se ao serviço de. Isso implica que a pessoa que serve deve doar-se totalmente por aquele que está sendo servido. Servir também vem da palavra servo, que significa escravo. Ora, bem sabemos que um escravo não fazia as coisas de qualquer forma nem apenas no momento em que estivesse disposto, antes o fazia com muita diligência, sabendo que do seu bom desempenho dependia, muitas vezes, sua própria vida.
Da mesma maneira, o cristão genuíno, quando se encontra na condição de servo (o que deve ser sempre!), deve fazê-lo com toda a diligência, sabendo que o Senhor, que o salvou, está olhando não apenas para suas atitudes, mas primeiramente para a disposição do seu coração, como diz em Salmo 139:1-2: “SENHOR, tu me sondas e me conheces... de longe penetras os meus pensamentos”. Assim, deverá servir aos outros genuinamente, não apenas de aparência, porque Deus não recebe isso.
Ainda usando da mesma metáfora, vamos refletir sobre a condição do escravo... Não era costume dos escravos, quando realizavam as suas tarefas, exigirem que os seus senhores lhes elogiassem, nem que se impressionassem com suas habilidades. Isto porque os servos tinham em mente que não estavam fazendo mais do que o dever deles... Então, quando um cristão serve, não deve buscar ser elogiado, recompensado, reconhecido, nem aplaudido pelo que faz. Antes, deve fazê-lo na condição de verdadeiro servo (escravo), que faz o melhor, sabendo a quem está servindo. No seu caso, é a Deus, que merece tudo isso e muito mais daqueles a quem Ele comprou com o próprio sangue de Cristo Jesus!
Por outro lado, uma atitude que não condiz com a hospitalidade cristã é o desejo apenas de impressionar. Não raro vemos pessoas que, no exercício da hospitalidade, procuram impressionar aos outros com suas habilidades domésticas, por exemplo, e usam isso não para servir ao próximo, infelizmente, mas para impressionar, para chamar atenção para si, para tomar a glória que é de Deus e usá-la em benefício próprio... Isso é condenável. Não devemos fazer dessa forma.
João Batista nos deixou o exemplo de humildade dizendo que convinha que Cristo crescesse e que ele diminuísse; como, pois, poderíamos nos exibir, exigindo que os outros nos elogiem por serviços que só fazemos pela graça de Deus que está sobre nós? Isso não é coerente, amados!
Vamos orar uns pelos outros, sempre pedindo do Senhor a graça de permanecermos fieis e de exercermos, com alegria, aquilo para o qual ele nos chamou: a sua graça em servir!
Gostaria de terminar com a letra de uma música que tem muito a ver com essa breve reflexão:
Tua Graça Me Basta
Eu não preciso ser reconhecido por ninguém
A minha glória é fazer com que conheçam a Ti.
E que diminua eu pra que tu cresças, Senhor, mais e mais.
E como os serafins que cobrem o rosto ante a Ti
Escondo o rosto pra que vejam Tua face em mim
E que diminua eu, pra que Tu cresças Senhor, mais e mais.
No Santo dos santos a fumaça me esconde
Só teus olhos me vêem
Debaixo de tuas asas
É o meu abrigo, meu lugar secreto
Só tua graça me basta
E tua presença é o meu prazer.